memorial MUNDIN




Memorial Mundin
Assim que se passaram cinco anos...desde a fundação da Mundin Cia de Teatro. Festejamos aniversário em novembro de 2009 certos de que há o que comemorar neste trajeto iniciado nos idos anos de 2000, quando nove recém formados em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília se reuniram com o objetivo de dar vazão aos seus anseios de produção e realização artísticas. Além da experiência universitária comum, alguns de nós traziam uma frustrada incursão por outros redutos teatrais, causada, talvez, por um descompasso na dança pessoal gerada pela difícil tarefa de acender o fogo sagrado.
Partimos, então, para acender a nossa própria chama: “Aqui ninguém paga meia” colocou lenha na fogueira dos nossos anseios, o trabalho inaugurava o grupo, e os atores inauguravam a si mesmos como donos de seu próprio fazer teatral. Dirigido e concebido por Denis Camargo, teve sua estréia em espaço alternativo - a casa de três integrantes - e se mostrou, de fato, uma importante alternativa para a consolidação do grupo. Rompeu as barreiras candangas para desembarcar, em 2001, no Goiânia em cena e no Festival de Curitiba com excelente repercussão.
E daí em diante, risos, aplausos, e uma nova pesquisa de linguagem: as formas animadas deram vida ao espetáculo “Quando o sapo vira rei e princesa vira sapo”. Com temporada na cidade iniciada em 2001, percorreu festas, shoppings, instituições e o centro-oeste pegando carona na Caravana Funarte em 2005.
Num ponto conhecido deste Planalto Central - o Parque da Cidade – estreou, ainda em 2001, “Shakespeare apaixonado” uma coletânea de textos de amor do renomado dramaturgo inglês. Entre erros, acertos e muita palhaçada, dessa experiência nasceu, em 2002, o espetáculo “Um certo Romeu e Julieta” interpretado por clowns que revisitam o clássico de Shakespeare com humor capaz de divertir adultos e crianças.
Uma diversão irônica e mordaz, proporcionou o espetáculo “O Facilitador”, que em 2002, chegou à cena sob direção de Cristiane Rocha e Simone Marcello. Esse trabalho foi resultado de uma pesquisa a partir de elementos do expressionismo alemão, desenho animado, cinema mudo, entre outras influências. Regido por uma trilha sonora original e executada ao vivo, o espetáculo ganha estética arrojada . O cuidado desta produção foi traduzido em participações e prêmios em diversos festivais nacionais.
No ano de 2003, veio o monólogo “Clarice e o homem d’água” sob direção de Denis Camargo. Inspirado no conto de Ligia Bojunga trata do tema do estupro com densidade capaz de emocionar e promover a reflexão sobre o tema.
Com os vários espetáculos ainda vivos, em cena e longe do último suspiro (que Deus ajude), o ano de 2005 possibilitou novas experiências com o convite a um diretor de fora do grupo. A convidada foi a atriz e diretora Mirian Virna que assina o espetáculo “Brandura”. Inspirado em conto de Edgar Alan Poe, criou-se uma atmosfera tensa, evidenciada pela sonoridade executada por músicos que compõem a cena. Teve sua estréia no Cena Contemporânea e seguiu em temporada por todo o mês de outubro de 2005, encerrando suas apresentações, neste ano, na II Mostra Sesc de teatro Candango, na qual angariou para Dalton Camargos o prêmio de melhor iluminação.
No ano de 2006 a Mundin teve a oportunidade de mergulhar num intenso processo que transformou e enriqueceu ainda mais o fazer teatral do grupo, a Oficina de Processo Colaborativo do CineHorto Galpão, no qual resultou o micro espetáculo “Pombo-Correio” sob direção de Joana Lopes e dramaturgia de Cristiane Rocha, muito elogiado pelo público que presenciou esse resultado. Ainda no ano de 2006 ganhadora do prêmio Miryam Muniaz Funarte/Petrobrás, produziu sob direção e dramaturgia de Alisson Araújo, o espetáculo infanto-juvenil “Odisséia”, onde a narrativa de Homero ganha vida de maneira lúdica fazendo das formas animadas um mapa de diversão.
Em 2009, num vôo de existência e na gana de vida, produziu o espetáculo “O Mundo de Plástico”, com direção de Marley Oliveira e dramaturgia de Alisson Araújo, nesse espetáculo de humor cético, onde o revisitar a infância é feito intenso, faz a Mundin vislumbrar um caminho mais colaborativo. Nesses nove anos, a nossa contabilidade acumula experiências institucionais, repertório suficiente para duas mostras, parcerias, novos integrantes e algumas perdas: de pessoas, de editais, de vergonha de acreditar no próprio trabalho e comprovar, apesar dos céticos de plantão, a existência de um profícuo teatro candango.

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